CRÍTICA DE CD
Disco: O Retorno de Saturno
Artista: Detonautas
Gravadora: Sony-BMG
Cotação: ¯¯¯¯¯
Após três álbuns na Warner, os Detonautas debutam na Sony-BMG com o melhor disco desde a estréia, com Detonautas Roque Clube, em 2002. Ao mesmo tempo em que apresenta um punhado de hits em potencial, como O Retorno de Saturno (dona de riffs certeiros de guitarra) e Nada É Sempre Igual (com guitarra do barão-vermelho Fernando Magalhães), o quinteto mostra que não se acomodou com o sucesso fácil. Vide a presença no álbum de canções de assimilação mais difícil, a exemplo da soturna Ensaio sobre a Cegueira, com quase 8 minutos de duração e citação do nervoso poema Filhos da Morte Burra, de Edu Planchêz.
A ausência do guitarrista Rodrigo Netto, vítima da violência carioca, é lembrada em vários momentos do CD, em palavras de impacto como lembrança, saudade, silêncio e paz. Tico Santa Cruz, autor de todas as letras, conseguiu transformar a dor em poesia e, nitidamente inspirado em Renato Russo, criar belos versos em Verdades do Mundo, Tanto Faz e Oração do Horizonte.
A veia política também marca presença, de forma irônica (Soldados de Chumbo), direta (Enquanto Houver...) e ácida (Eu Vou Vomitar em Você, com citação de Aa Uu, dos Titãs). Já o romantismo, outro ponto forte da banda, surge em Lógica.
Produzido por Tomás Magno, Fernando Magalhães e pelos próprios Detonautas, O Retorno de Saturno é um álbum coeso, que mistura rock radiofônico e experimentação na medida certa.
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